sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Ararajubas na Vila Nova

Aratinga guarouba
A cerca de alguns dias atrás, fomos surpreendidos pelo aparecimento de um grupo de uma das mais belas aves  do Brasil, que aliás já simbolizou o nosso país - a Ararajuba (Aratinga guarouba).
Na verdade não era uma total surpresa para mim, pois lembro-me que quando estava no ensino médio (faz tempo) vi um grupo de 11 ararajubas voando sobre a escola onde eu estudava. Mesmo ainda sem ter conhecimento sobre o assunto, fiquei admirado e curioso para saber que espécie era aquela, diferente de tudo que já tinha visto, talvez era meu extinto de biólogo já se manifestando. Foi então que, naquela mesma época eu e meu irmão fomos atrás delas e encontramos. Mas aí o tempo passou e eu esqueci das ararajubas. 
No primeiro ano de faculdade, quando estávamos procurando um tema para desenvolver um projeto de pesquisa para a matéria de metodologia, eu já tinha os primatas como tema e sugeri a um amigo que não sabia com que trabalhar que procurássemos as ararajubas da Vila Nova e talvez seria um bom projetinho de PIBIC. Então começaram as descobertas: a ararajuba não é nativa da Mata Atlântica e sim da Amazônia, em uma pequena área de ocorrência. Mas como ela teria chegado até aqui?
Rhea americana
Na região rural do bairro Vila Nova, mais especificamente na Estrada Comprida, uma pequena propriedade rural chama a atenção pela presença de duas emas (Rhea americana) e vários outros pássaros silvestres. Todos estão soltos. Descobrimos que o ponto principal de parada das ararajubas era nesta propriedade, a qual decidimos "invadir" no bom sentido para saber mais sobre elas. Depois de termos levado um corridão das emas conseguimos falar com a proprietária do sítio, muito simpática aliás, pronta para falar sobre o assunto com o brilho nos olhos enquanto explicava sobre as suas aves preferidas, as ararajubas.
Seu marido, já falecido, recebia algumas aves apreendidas pela Polícia Ambiental e ele, com muita paciência, tratava das aves e depois às deixava soltas para se sentirem melhor. A maioria das aves nunca saíram da propriedade, já as ararajubas seguiram seus instintos. Dois casais trazidos inicialmente, aprenderam a se alimentar do açaí da palmeira-juçara (Euterpe edulis), lembrando que em sua área de ocorrência original sua alimentação inclui o açaí do norte (Euterpe oleracea). Também começaram a se reproduzir livremente, nidificando da mesma forma como se fossem selvagens.
Com essa experiência podemos ver que é possível sim recuperar animais, mesmo os que nasceram em cativeiro. O proprietário do sítio sem conhecimento nenhum (acadêmico) conseguiu provar isso. Porém, é um processo que demanda tempo.
Ocorrência original da Ararajuba
Sabemos sobre toda a questão de que trata-se de uma espécie exótica introduzida, mas são necessários estudos para saber se ela interfere de forma negativa no ecossistema. De qualquer forma, a crueldade contra esses animais, assim como com todos os outros, não é diferente. Pessoas com a intenção de "ver de perto" atiram contra as ararajubas matando várias com um só tiro. Foi relatado que só um morador da região matou três com um único tiro. Outras morreram por ter nidificado em um coqueiro jerivá (Syagrus romanzoffiana) e um raio o atingiu. Ou seja, a uns três anos atrás sobraram apenas três ararajubas. Mas pelo encontro de agora, o numero aumentou novamente.
Fica aí a dica para os biólogos de plantão que queiram saber mais sobre esse caso interessante de adaptação de uma espécie rara da fauna brasileira. 






FRISCH, J. D ; FRISCH. Aves brasileiras e plantas que as
atraem. 3 ed. São Paulo: Dalgas Ecoltec – Ecologia Técnica Ltda,
2005.


3 comentários:

  1. Eu estive nessa propriedade quando coletava água da região rural para análise na graduação. Realmente, animais soltos vão e vem e a polícia ambiental deixava alguns animais comprometidos lá para que tratassem, faltam CETAS, mas nunca vi ararajuba aqui na cidade, inveja branca!!!

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  2. Eu e meu irmão também tivemos na propriedade do Sr. Hardt a uns 15 anos e já tinhamos avistado as amarelas, realmente elas foram introduzidas, o Sr. Hardt recebia muitos pássaros da Policia Ambiental, tinha Coruja, Jacupempa, Aracuã entre outros de menor tamanho, todos ficavam lá presos por algum tempo e posteriormente eram soltos

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  3. Hi Guilherme Evaristo,

    I do research in urban parrots. I have special interest in Golden Conures. We will be in Joinville 14-15 February and I real like to see this species and get a sense of their numbers. This in light of an up-comming conservation project for this species. Could you please contact me at: director@cityparrots.org

    All best,

    Roelant

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