Este seria um bom título de um livro que, um dia quem sabe, vou escrever. Assim como todas as outras lutas políticas que moveram modificações sociais, o ambientalismo é a causa do momento. No passado, a luta contra a escravidão ou a opressão de reis e senhores trouxe novas ordens mundiais de uma forma dinâmica e revolucionária. Mas a essência das contradições não mudaram, a luta entre aqueles que oprimem e os que são oprimidos continua até nos dias de hoje, e há aqueles que observam esse fenômeno como o grande motor da história.
Mas o que o ambientalismo tem a ver com isso? Bem, todas as contradições entre os que dominam e os que são dominados nos trouxeram até aqui, uma sociedade que permite a destruição de milhões de hectares de floresta na Amazônia ou Mata Atlântica para o lucro de poucos, uma sociedade que permite que centenas de pessoas sejam jogadas à miséria, sem ferramentas para construir sua própria libertação e acabam ocupando locais inadequados nas periferias, entre inúmeras outras facetas.
Todos falam que a educação é a chave para modificar tais coisas, mas esquecem que o modelo de educação é ditado pelo próprio modelo sócio-econômico que vivemos. Ou seja, nosso modelo de educação ainda nos faz fechar os olhos a essas coisas e buscar o sucesso individual.
Talvez seja por isso que muitos generalizam os problemas ambientais como algo apenas de mudança de comportamento como não jogar papel no chão, separar o lixo, não gastar água, etc. É lógico que essas coisas são importantes para uma sociedade sustentável, mas no meu entendimento é pouco. Apenas essas atitudes não vão parar a construção de um usina hidrelétrica como a de Belo Monte no Pará, que irá destruir uma das regiões mais importantes em termos de biodiversidade e para atender uma minoria, tendo épocas onde o funcionamento será paralisado pela seca periódica desta região. Aliás, seca que bateu record esse ano, talvez seja mais um aviso da natureza. Assim como em novembro de 2008, os nossos representantes montavam o teatro para a discussão do novo código florestal para o Estado. Estavam na última semana de discussão e Santa Catarina sofreu uma de suas piores enchentes da história.
Agora a discussão de alterações no código floresta chegou a nível nacional e já vemos os ruralistas jogando pelo poder na Câmara. Dizem estar dispostos a negociar este posto se for apressada as modificações que lhe são interessantes. Não pensem que essa bancada de parlamentares ruralistas são ex-colonos ou agricultores familiares que querem lutar pelos seus iguais. Eles representam os grandes senhores do agro-negócio, que muitas vezes são estrangeiros.
Nosso sistema é mestre em se transformar ou se envolver em um papel de presentes novo. Porém, sua essência não muda. A educação que não gera consciência sobre essa realidade e cria condições de luta, não transforma nada. A mídia cria novos rótulos para novos produtos com a marca "ecológico" e o "cidadão" acredita cegamente que está salvando o planeta, mal sabe ele que apenas contribui para a continuação do sistema.
As perspectivas futuras em um sistema como o nosso são péssimas, apesar de se tentar desesperadamente manter o mesmo modelo dando outros nomes para as mesmas coisas, como economia verde, produtos ecológicos, selos de todos os tipos, a base continua a mesma: a exploração da natureza e do ser humano para o lucro individual.
Acredito em desenvolvimento sustentável, mas não em um sistema capitalista. Talvez esteja no ambientalismo mais uma chance de mudanças profundas em nossa sociedade. Pois o sistema atual se mostra ineficiente no que se refere a justiça social e a preservação da natureza. Aliás, já dizia Marx,"o sistema capitalista trará a barbárie humana e a destruição da natureza". Se pelo menos tivessem ouvido o velhinho.